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Quem teve contato prolongado com água de enchente deve utilizar medicamento contra a leptospirose

  • Data: 09/Mai/2024

Cresce a procura por medicamento preventivo nas farmácias

 

Com casas e ruas alagadas e em meio aos resgates, o contato das pessoas com água da enchente faz crescer a preocupação com a leptospirose. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), quem esteve exposto à água das cheias por período muito prolongado deve recorrer à quimioprofilaxia, “uma estratégia de prevenção de doenças infecciosas que envolve o uso de medicamentos para reduzir o risco de infecção”. No caso da leptospirose, dois antibióticos costumam ser usados: a doxiciclina e a azitromicina.

A doença é causada pela bactéria Leptospira e pode ser transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais.

A reportagem circulou em farmácias de Porto Alegre e verificou que a busca pelos dois remédios aumentou, provocando a queda nos estoques. Nas unidades da Panvel visitadas, os dois medicamentos estavam em falta. Na unidade da Droga Raia, ainda restava uma pequena quantidade dos remédios. Já na Farmácias São João, apenas o abastecimento de azitromicina estava normalizado.

Apesar da alta demanda, os órgãos de saúde fazem alertas: a profilaxia não deve ser aplicada para todas as pessoas que tiveram contato com a água contaminada. Conforme o Ministério da Saúde, não há evidências científicas de benefícios e riscos do uso indiscriminado em grandes grupos de pessoas dos remédios como forma de prevenir a doença.

A Secretaria Estadual da Saúde, em nota técnica que considera o cenário da tragédia no Rio Grande do Sul, recomenda que os medicamentos sejam tomados por pessoas que estiveram expostas à água da enchente por período muito prolongado, como as equipes de resgate - tanto de voluntários como de autoridades. A orientação considera ainda que uma análise clínica deve ser feita nas pessoas.

— Nós estamos trabalhando com a recomendação voltada para grupos de alto risco, ou seja, as pessoas que estão em grupos de resgate de salvamento. São pessoas que estão nas águas e permanecem expostas. Elas estão de forma prolongada em água das enchentes e sem uso de equipamentos de proteção individual ou com equipamentos menos robustos — explica Tani Ranieri, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da SES.

Remédio não impede a contaminação

Aquelas pessoas que tiveram contato sem ser prolongado, como os moradores que foram resgatados, não têm a orientação prévia para fazer a quimioprofilaxia. Tani alerta, ainda, que as pessoas podem ter a doença mesmo após tomar os medicamentos de prevenção, que diminuem o risco de contaminação.

— Para ela entrar no nosso corpo, a gente tem que ter uma solução de continuidade. Isso pode acontecer quando a gente fica muito tempo embaixo da água, com a pele macerada. Em tempos de enchente, tem muita água. Essas bactérias estão diluídas, elas não estão tão concentradas, então é um pouco mais difícil contrair essa doença em um curto espaço de tempo — explicou o médico infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz.

As doses são aplicadas por semana, ou seja, a cada sete dias que a pessoa permanece tendo contato prolongado com a água, deve tomar o medicamento mais uma vez. Ainda assim, a prioridade é tratar aqueles que apresentarem sintomas da leptospirose: febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas panturrilhas), falta de apetite e náuseas/vômitos.

A SES recebeu doações dos medicamentos utilizados no tratamento e na quimioprofilaxia da leptospirose. A quantidade, de acordo com a pasta, é suficiente para o grupo estipulado como de alto risco. Conforme a Secretaria de Saúde, esses medicamentos estão sendo organizados e serão entregues, junto com outros remédios da Farmácia Popular, aos municípios afetados pela enchente.

O que as redes informaram

  • A assessoria da Rede Agafarma informou que não registra falta de doxiciclina e azitromicina
  • A Panvel relatou que enfrenta dificuldades de operar o principal centro de distribuição no RS, que fica localizado em Eldorado do Sul. Apesar de a sede não ter sido atingida pela enchente, o local está cercado pela cheia, e os funcionários foram impactados. Em nota, a empresa afirmou que “providencia junto ao seu Centro de Distribuição em São José dos Pinhais, no PR, o transporte de produtos e medicamentos para manter o abastecimento de suas filiais”. A Panvel também afirmou que começou a entregar à Defesa Civil cerca de 12 mil itens de higiene e primeiros socorros, além de 3 mil caixas de medicamentos contra a leptospirose
  • A rede de Farmácias São João, por meio de assessoria, informou que o abastecimento está sendo feito nas lojas que estão conseguindo acessar
  • À reportagem, a Droga Raia sinalizou que irá se manifestar nesta quinta-feira (9)

 

Fonte: GZH

Foto: Matheus Pé / Especial

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