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Vista Alegre do Prata lidera no ranking de maiores taxas de letalidade de câncer de mama

  • Data: 24/Out/2025

Rotina de viagem para acesso a hospitais regionais é comum aos municípios com piores taxas

Vítimas mais velhas e reduzida população municipal. Essas são algumas das explicações apresentadas por cidades gaúchas que registraram taxas de mortalidade por câncer de mama acima da média estadual. 

Os resultados, referentes a 2024, foram apresentados no último boletim epidemiológico da situação do câncer de mama no Rio Grande do Sul. No ano passado, o Estado registrou 1.399 óbitos pela doença, uma diminuição de 8,9% em relação a 2023. ​A taxa de mortalidade foi de 24,2 a cada cem mil mulheres.

O ranking de municípios com as maiores taxas de letalidade é liderado por Vista Alegre do Prata, na Serra. Com apenas 1.590 habitantes, a cidade registrou, em 2024, duas mortes de mulheres em razão da doença. As vítimas tinham 61 e 88 anos de idade. Com isso, a taxa de letalidade chegou a 257,07, dez vezes superior à média do RS.

— Se a gente analisar todos esses municípios que estão na lista (de letalidade), são todos pequenos. Então, qualquer morte que tiver, gera uma grande incidência — explica Rafael Mackoski, secretário de Saúde em Vista Alegre do Prata.

O município não conta com local para realização de mamografias nem tratamento oncológico. Conforme o secretário, a prefeitura contrata uma média de 20 mamografias por mês. Os exames precisam ser feitos em Guaporé, 16 quilômetros distante do local. Dependendo do resultado da mamografia, a paciente é encaminhada para um especialista em Farroupilha, cidade a 112 quilômetros de distância (2h15 de viagem). 

Em caso de necessidade de quimioterapia e radioterapia, a referência é o hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, distante 87 quilômetros (ou 1h50 de viagem).

— Não temos filas. A gente fornece as mamografias para toda a população feminina. Inclusive para aquelas abaixo da faixa etária preconizada pelo SUS — defende o secretário municipal de Saúde de Vista Alegre do Prata.

No mês passado, o Ministério da Saúde atualizou a orientação para acesso ao exame de mamografia no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, o rastreamento mamográfico populacional recomendava o exame, a cada dois anos, para mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. 

Em setembro deste ano, a atualização da política de acesso à mamografia no SUS foi estendido a mulheres de 50 a 74 anos, mais próximo do perfil gaúcho. Conforme o boletim epidemiológico, elaborado pela Secretaria Estadual da Saúde, no ano de 2024 a faixa etária que apresentou maior percentual de óbitos foi de 70 a 79 anos (22,9%). 

Outro município que se destacou no relatório pelo alta taxa de letalidade por câncer de mama foi Chapada, no norte do Estado. Com uma população de 9.211 habitantes, a cidade registrou sete mortes em 2024. A taxa de letalidade foi de 201,33 mortes por cem mil mulheres. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, seis das vítimas tinham entre 70 e 89 anos.

— Há uma resistência das mulheres. Porque as pessoas acham que passou a faixa etária que é cobrada pelo Ministério da Saúde e elas não tem mais necessidade de fazer o exame — avalia Odete Maria Guareschi, Secretária de Saúde de Chapada.

Conforme a secretária, o município contrata cerca de 80 exames de mamografia por mês e, assim como Vista Alegre do Sul, não registra fila de espera. A referência para os exames é Carazinho, distante 46 quilômetros de Chapada, ou Sarandi, a 34 quilômetros.

Uma das moradoras de Chapada que teve que recorrer a múltiplas viagens para tratamento contra um câncer de mama foi a aposentada Aneide Terezinha Giacomelli, de 64 anos. 

Em 2024, ela descobriu através de uma mamografia anual em Sarandi que um caroço que ela já possuía há alguns anos no seio direito havia se tornado um câncer. 

Entre a mamografia, em maio de 2024, até a realização de ultrassom, cirurgias para extração da mama e de linfonodos e ciclos de quimioterapia, o processo se estendeu até setembro deste ano. Para ela, a ida regular ao médico foi determinante para o sucesso.

— Eu digo, façam o exame. Eu conversava com outras pessoas no tratamento que também tinham caroço e diziam “ah eu também tenho isso”, e ficaram por isso — diz a moradora de Chapada.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Aneide Terezinha Giacomelli / Arquivo Pessoal

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