Plataformas de IA generativa são usadas por 39% dos estudantes na região Sul, revela pesquisa
Conforme TIC Educação 2024, no país, 37% dos alunos empregam a tecnologia ao realizar pesquisas escolares. Levantamento traz dados sobre uso de ferramentas digitais nos estudos
Na região Sul, 39% dos estudantes recorrem a ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa para realizar pesquisas escolares, como ChatGPT, Copilot e Gemini. Trata-se do maior índice entre as regiões brasileiras.
- Sul – 39%
- Sudeste – 38%
- Nordeste – 36%
- Centro-Oeste – 36%
- Norte – 34%
No país, a média foi 37%, considerando alunos de Ensino Fundamental e Ensino Médio. É o que mostra a pesquisa TIC Educação 2024, lançada nesta terça-feira (16) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Elaborado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), pela primeira vez, o levantamento conta com dados sobre o uso de IA generativa. Considerando somente alunos de Ensino Médio, o índice é maior – sete em cada 10 estudantes brasileiros utilizam plataformas de IA generativa para buscas.
Ainda que em menor escala, o uso de IA generativa também aparece entre alunos dos anos iniciais (15%) e finais (39%) do Ensino Fundamental. O estudo foi realizado junto a 7,4 mil alunos, 1,4 mil professores, 864 coordenadores e 954 escolas, tanto urbanas como rurais, trazendo uma amostra representativa do país.
Para a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, os dados revelam um cenário de transformações aceleradas:
— É um estudo informativo para as escolas e professores sobre como lidar com os estudantes. Eles estão praticando novas formas de acesso à informação, usando canais de vídeos, IA generativa. Essa é uma geração que lida com novas linguagens, novas formas de curadoria de conteúdo.
Segundo a coordenadora, é preciso entender as oportunidades que surgem neste contexto e mapear os riscos e desafios envolvidos. Pela primeira vez, a pesquisa investigou também os recursos adotados pelos estudantes na realização de pesquisas escolares.
Fora das salas de aula, grande parte dos alunos utiliza tecnologias digitais nos estudos, como plataformas educacionais e sites na internet. Na região Sul, 71% dos estudantes consultados responderam que acessam canais e aplicativos de vídeo como fontes de informação, como TikTok e YouTube. No país, 72% utilizam plataformas desse tipo para fazer pesquisas, sendo que 74% recorrem a sites de busca na internet.
Já buscadores como Google e Bing são utilizados por 74% dos respondentes. Outros 54% acessam livros digitais; 46% utilizam as redes sociais para pesquisas; 43% citaram sites de internet para essa finalidade; e 39% mencionaram site da escola, entre outras fontes de informação.
Para a coordenadora do CGI.br, Renata Mielli, os dados sobre o uso de IA generativa pelos estudantes exigem atenção:
— O ambiente escolar precisa, sem dúvidas, incorporar a tecnologia, mas é preciso fazer isso de forma crítica e orientada.
Melhorias na formação
Levando em consideração alunos de Ensino Fundamental e Médio, apenas 19% dos 37% que usam IA generativa responderam que foram instruídos por professores sobre como aplicar a tecnologia em atividades de aprendizagem. O estudo revela que 54% dos docentes realizaram, nos 12 meses anteriores à pesquisa, cursos voltados ao uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem.
No entanto, em escolas da rede municipal de ensino, esse percentual diminuiu – passou de 62%, em 2021, para 43%, em 2024. No total, 59% dos professores consultados afirmam que fizeram formações ou treinamentos sobre uso de IA na educação.
A participação em iniciativas de formação sobre como orientar os alunos a respeito do uso seguro de tecnologias digitais (69%), sobre educação midiática e uso crítico das mídias em sala de aula (68%) também foram mencionadas. O estudo aponta que falta uma abordagem sistemática nas escolas sobre tais temas.
Conforme 30% dos coordenadores, atividades relacionadas a educação midiática junto aos alunos só ocorrem quando há necessidade ou quando os estudantes possuem alguma dúvida. Em 49% das instituições de ensino, atividades desse tipo são realizadas uma ou duas vezes ao ano.
— As plataformas digitais existem e estão se disseminando. O risco está no uso sem mediação. É necessário mediar o uso delas, faz parte dos direitos dos estudantes receber educação digital de qualidade, em todos os espaços que lidam com proteção de crianças e adolescentes, mas principalmente na escola, que é o local onde eles irão aprender a lidar com o conhecimento — argumenta.
Uso do celular diminui
Com coleta de dados entre agosto de 2024 e março de 2025, a pesquisa engloba o período anterior e posterior à promulgação da lei nº 15.100, que restringe o uso de dispositivos móveis nas escolas. Segundo o estudo, caiu de 55%, em 2022, para 45%, em 2024, o percentual de alunos que acessam a internet na escola via celular.
Nas escolas municipais, essa proporção diminuiu de 32% para 20% no mesmo período, e, nas escolas particulares, de 64% para 46%. Também houve mudanças nas práticas das instituições. Em 2023, 28% proibiam o uso do celular pelos alunos, e 64% permitiam o uso em alguns espaços e horários.
Em 2024, a proporção de escolas que não permitem o uso do dispositivo aumentou para 39%. Já a permissão em alguns espaços e horários diminuiu para 56%.
Desafio da conectividade
A TIC Educação 2024 indica que 96% das escolas brasileiras têm acesso à internet. Entre 2020 e 2024, houve crescimento expressivo do indicador nas instituições municipais – de 71% para 94% –, assim como nas escolas de áreas rurais, de 52% para 89%.
Apesar disso, ainda há contrastes. Nas escolas estaduais, por exemplo, 67% dos alunos utilizam a internet para fazer atividades solicitadas pelos professores. Entretanto, na rede municipal, a proporção é de 27%.
Fonte: GZH
Foto: Hanna / stock.adobe.com
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