Uso precoce de cosméticos pode impactar saúde física e mental de crianças e adolescentes
Uso incorreto de produtos para adultos pode antecipar a puberdade e afetar o desenvolvimento físico e cognitivo de crianças
A exposição de crianças e adolescentes a conteúdos sobre beleza e estética na internet tem preocupado especialistas, sobretudo com relação aos impactos em diferentes áreas da vida.
Entre os vídeos mais comuns seguidos por jovens, estão os de skin care e de maquiagem. A preocupação envolve tanto o uso inadequado de cosméticos quanto os efeitos psicológicos dessa pressão estética.
A endocrinologista Cristine Kopacek alerta que muitos produtos contêm substâncias químicas, como parabenos e ftalatos, que podem interferir na produção hormonal.
— Quando a puberdade acontece antes da hora, o relógio biológico se adianta, o que pode prejudicar o crescimento final e o desenvolvimento cognitivo da criança.
Informações e redes
A psicóloga Sofia Sebben lembra que crianças e adolescentes convivem hoje com um grande volume de informações. Com isso, há o risco de uma pressão estética, que por sua vez desencadeia expectativa de amadurecimento precoce.
A profissional lembra que é normal que jovens aprendam por imitação: ao ver pais ou pessoas próximas se maquiando ou fazendo skin care, podem querer reproduzir essas práticas.
Se esse contato acontece sem supervisão, no entanto, a criança pode passar a perceber que sua aparência precisa ser controlada ou avaliada, aumentando risco de ansiedade, insegurança e visão negativa.
A dermatologista Ana Elisa Bau lembra que cosméticos de uso adulto só são indicados a partir dos 12 anos. Antes disso, devem ser usados produtos infantis, registrados na Anvisa e livres de substâncias prejudiciais.
— Esmaltes só devem ser usados a partir dos 3 anos, sempre de uso infantil, sem acetona ou solventes agressivos. Maquiagem infantil deve ter registro na Anvisa, sem parabenos, ftalatos ou metais pesados.
Segundo Sofia Sebben, o problema não está apenas nos produtos, mas na forma como a criança interpreta os conteúdos.
— Se ela vê pessoas usando cosméticos ou seguindo rotinas de skin care sem orientação, pode sentir que precisa mudar a aparência para ser aceita, o que aumenta ansiedade e insegurança. Além disso, passar tempo excessivo em práticas de adultos reduz momentos de brincadeira e interação, essenciais para o desenvolvimento emocional.
Para minimizar os riscos, especialistas recomendam que o contato com cosméticos e vídeos de beleza seja supervisionado.
— Se o uso for ocasional, com produtos apropriados e orientação de adultos, pode ser saudável e até despertar curiosidade. O problema é quando vira rotina ou quando a criança idealiza padrões irreais de aparência — diz Sofia.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Pexels / Divulgação / Divulgação
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