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Especialista e delegada de Caxias orientam sobre exposição de crianças e adolescentes na internet

  • Data: 16/Ago/2025

Temas como sexualização precoce, pedofilia e pornografia infantil repercutiram fortemente nos últimos dias após um vídeo produzido pelo influenciador Felca

Temas como sexualização precoce, pedofilia e pornografia envolvendo crianças repercutiram fortemente nas redes sociais nos últimos dias após um vídeo produzido pelo influenciador Felca. Na gravação, divulgada recentemente, o youtuber denuncia casos de exploração infantil em conteúdos online e aponta quem, segundo ele, lucra com esse tipo de exposição.

Inspetor da Polícia Civil e especialista em segurança e defesa cibernética, Roberto Clamer orienta que os pais busquem conhecimento sobre o funcionamento das redes sociais. Assim, terão embasamento para instrui-los.

— Você tem que colocar na mesa as situações que podem acontecer no mundo virtual. Ter uma conversa franca, um diálogo aberto. Colocar que não podem se expor demais na internet, tem que ter cuidado. E junto com a instrução, você cria controles — orienta.

Titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Caxias do Sul, a delegada Aline Martinelli lembra que em alguns casos os criminosos se passam por crianças e adolescentes para se aproximar das vítimas.

— Eles começam acolhendo, porque o adolescente está numa fase em que quer um pertencimento. Então, ele vai encontrar (na conversa com o criminoso) um conforto, alguém que tenha os mesmos gostos, as mesmas preferências, que vai validá-lo psicologicamente. No segundo momento, ele se revela e aí começam as extorsões, as chantagens, as violações sexuais — detalha a delegada, que também orienta:

— É preciso explicar que eles não devem fornecer dados como endereço, contas bancárias e telefones de parentes próximos. Orientar que precisam manter a privacidade — aponta.

Já para os pais e as mães que desejam compartilhar imagens de momentos com as crianças em redes sociais, a principal recomendação é manter o perfil privado e não postar fotos dos filhos com o uniforme escolar ou que identifiquem o endereço da família. Mesmo assim, há risco, segundo Clamer:

— Não sei se existe forma segura (de compartilhar fotos com crianças), porque os predadores sexuais do meio virtual escolhem, independentemente se for foto sem o decote ou com decote, expondo alguma parte do corpo da criança ou não. Mas é importante complementar que tudo o que se faz na internet é rastreável. Não existe essa conversa de anonimato que as pessoas pensam. Tudo é rastreável — alerta o inspetor da Polícia Civil.

Denúncias sobre pedofilia e pornografia infantil podem ser feitas presencialmente junto à Polícia Civil, online ou anonimamente pelos telefones Disque 100 e Disque 180.

"O que apareceu no vídeo do Felca é a superfície", diz perito criminal do IGP

O perito do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) e coordenador do Núcleo de Combate à Pedofilia e ao Abuso Infantojuvenil (NUCOPE), Marcelo Nadler, também abordou o tema na Rádio Gaúcha, na última terça-feira.

Segundo Nadler, o que vídeo do Felca mostra é apenas a “superfície” do problema.

— O que apareceu no vídeo do Felca é a superfície. O que o perito criminal vê são coisas muito mais nojentas. (...) É adultos estuprando adolescentes, crianças e até bebês, infelizmente — lamenta.

Conforme o perito, as atuações e aproximações entre os criminosos começam em diálogos “comuns” – como emojis específicos – em posts nas redes sociais ou com o encaminhamento de vídeos que podem ser considerados “inocentes”, por exemplo. Depois, geralmente em chats privados, as conversas escalonam até chegar na troca de conteúdos pornográficos.

Segundo Nadler, o criminoso age com “paciência”. A conversa entre o abusador e a provável vítima pode durar dias e até anos.

— O adulto que está por trás do perfil fake, ele vai ser acolhedor. Ele vai acessar uma vulnerabilidade da criança. Ele vai dar atenção que, às vezes, os pais não estão conseguindo dar — exemplifica.

Para o especialista, é preciso uma “maior cooperação das plataformas.”

— As big techs têm todos os recursos de tecnologia, obviamente, para fazer um trabalho por eles (crianças e adolescentes) também. Mesmo sem a denúncia da polícia, da perícia, eles poderiam regular isso. O vídeo do Felca é muito ilustrativo nesse sentido — pondera.

Fonte: Pioneiro / Gaúcha ZH

Foto: Porthus Junior / Agencia RBS

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