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Amamentação traz benefícios para mãe e bebê, mas exige paciência e rede de apoio

  • Data: 11/Ago/2025

Campanha Agosto Dourado reforça a importância do aleitamento materno. Além de proteção imunológica, momento gera conexão

Mais do que nutrir, amamentar é um ato de cuidadoconexão e proteção entre mãe e filho. Para incentivar e valorizar esse gesto, a campanha Agosto Dourado promove ações de conscientização, apoio e informação sobre os benefícios do aleitamento materno, reforçando a importância do envolvimento de toda a sociedade no acolhimento às mães.

leite materno é considerado o alimento mais completo para os bebês nos primeiros meses de vida. Garante proteção imunológica e todos os nutrientes essenciais, além de estar sempre na temperatura ideal, como explica Marla Nunes do Nascimento, especializada em enfermagem materna infantil.

Mães que amamentam também têm chances menores de apresentar câncer de mama e de ovários.

— Amamentar traz benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, sem falar do vínculo. Enquanto o bebê é amamentado, ele está ali no colo da mãe, onde ela consegue olhar no olho e conversar. Traz mais proximidade e afeto — afirma a enfermeira.

Porém, a amamentação também é um exercício de paciência. Isso porque o início pode ser desafiador, apesar do ato natural: dificuldades na pega do bebê, dor durante as mamadas e a demora na descida do leite — que pode levar até três dias — são comuns. 

— Nas primeiras horas vem só o colostro. É com o passar dos dias que as coisas vão se ajeitando. Às vezes, nos primeiros dias ou nas primeiras horas após o nascimento, não existe uma produção na quantidade adequada ainda porque o bebê vai começar a sugar e essa sucção também vai estimular a produção de leite — explica Marla. 

Ato mexe com o emocional

Camila Hermes / Agencia RBS

Cursos podem auxiliar no processo de amamentação e tornar a jornada mais leve.Camila Hermes / Agencia RBS

Junto dos aspectos físicos, há também uma carga emocional intensa. A cobrança social para a mãe amamentar pode gerar inseguranças, principalmente em um momento delicado como o pós-parto. 

Aqui, uma rede de apoio com pessoas que realmente incentivem o ato é muito importante, assim como auxiliar as mães a como fazer a pega correta:

— Não significa que, porque esse bebê não pegou o seio nas primeiras horas, ele não irá mamar. Cada mãe se ajusta com o seu bebê, seja no horário da mamada ou quanto tempo vai ser. Cada criança tem o seu tempo — enfatiza a especialista. 

A orientação do Ministério da Saúde é de que a amamentação exclusiva do bebê siga até os seis meses. Após, é incentivada a introdução alimentar, podendo conciliar com o leite do peito até os dois anos.

"Maior e mais desafiadora experiência" 

Para além das recomendações técnicas, a amamentação é vivida de forma única por cada mãe. Para Maria Eduarda Bergamo Hoffmann, mãe do Davi de dois anos, amamentar foi a maior, melhor e, ao mesmo tempo, mais desafiadora experiência da vida: 

— É desafiador na mesma medida em que é gratificante. Não tem explicação o que é ser fonte de alimentoacolhimento e amor para o ser humano que você mais ama na vida. E o melhor: ver ele se desenvolver com saúde por conta disso.

Mesmo com o apoio de profissionais e da família, a advogada conta que o início do processo foi difícil, após optar por uma amamentação em livre demanda: poucas horas de sonocansaço físico e mental, além de machucados no peito antes de ajustar a pega do filho. 

— Amamentar é divino, no sentido mais literal da palavra. Mas quando você está passando pelo puerpério, com privação de sono, peitos doendo e vazando leite, e em uma nova rotina que se baseia em trocar fralda, amamentar e fazer dormir, é difícil ter olhos para esse lado incrível da maternidade. Ter o acompanhamento de uma consultora de amamentação foi o que me incentivou a continuar — lembra. 

Em abril, Maria Eduarda iniciou o processo de desmame. Através de diálogo e olhos atentos, o momento encerrou em um domingo, antes de dormir. 

— Comuniquei de forma clara e objetiva que seria o último, pois agora ele está forte e saudável. Na hora, meu coração apertou muito, confesso. Mas ele entendeu e reagiu muito bem. Foi um desmame sem choros, birras ou frustrações. Aquela última vez ficou registrada no fundo da alma — resume. 

Momento eterno

Únicocheio de amor e afeto. É assim que Lidiane Riva Pagnussat descreve os momentos de amamentação que teve com a filha Julia, de dois anos. 

Profissional da área da saúde, ela conta que sempre soube da importância da amamentação e se preparou para o momento, buscando diferentes fontes de informação antes do parto:  

— Fiz um curso sobre amamentação que me ajudou bastante no preparo do peito antes de cada mamada e também sobre a pega correta. Os primeiros dias são sempre os mais difíceis, até a mãe e o bebê se adaptarem e aprenderem juntos. Como fiz cesárea, tive pouco leite nos primeiros dias, o que tornou o início ainda mais desafiador, mas em quatro ou cinco dias tudo se organizou naturalmente. 

Quando a filha completou um ano, a farmacêutica começou a pensar em parar com a amamentação. Na época, além de Lidiane estar produzindo pouco leite, Julia mamava somente para dormir. Foi durante uma viagem de trabalho, que duraria alguns dias, que o desmame aconteceu. 

— No início achei que ela ainda procuraria o peito, mas não procurou. A gente até fica um pouco triste, mas foi um processo natural, tranquilo e respeitou o tempo de nós duas. Criamos uma ligação e um vínculo durante estes momentos. É algo muito forte e marcante, que fica para sempre — disse.

Passo Fundo sem banco de leite

Rio Grande do Sul tem 11 bancos de leite, mas nenhum na Região Norte. A Região Noroeste tem três, em Santo ÂngeloSanta Rosa e Ijuí; quatro ficam em Porto Alegre e outros dois em Rio Grande e Bagé, além de Caxias do Sul e Bento Gonçalves. 

Em Passo Fundo, a prefeitura segue buscando parcerias e avaliando a viabilidade técnica para a implantação de um Banco de Leite Humano no município. A proposta está em fase de estudos.

— Um banco de leite pode ajudar muitas crianças, principalmente quando se tem uma UTI neonatal, como Passo Fundo. Se tivesse um banco de leite com certeza seria muito utilizado. Às vezes o bebê vem de longe e talvez a mãe não possa acompanhar — avalia Marla. 

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Leonid / stock.adobe.com

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