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Um ano depois, nenhum envolvido na morte de professores da UFSM foi identificado

  • Data: 25/Jul/2025

Investigação segue aberta e, segundo a Polícia Civil, é tratada com prioridade. Nesta sexta-feira (25), turma de Engenharia Florestal fará homenagem aos educadores durante formatura

Há um ano, um crime bárbaro abalou a comunidade de 2,5 mil habitantes de Mato Castelhano, no norte do RS, e todo o Estado: dois professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foram mortos durante assalto ao único hotel da cidade, na madrugada de 25 de julho.

De lá para cá, a Polícia Civil divulgou poucos detalhes do andamento do inquérito. Sob comando da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que passou por troca de titular em março desse ano, a investigação ainda não identificou os autores do crime.

Fabiano de Oliveira Fortes, 46 anos, e Felipe Turchetto, 35, lideravam uma visita de campo com 15 estudantes do curso de Engenharia Florestal à Floresta Nacional de Passo Fundo, em Mato Castelhano. Segundo a polícia, eles chegaram no hotel no momento do assalto, foram amarrados pelos criminosos e baleados ao tentar reagir.

Conforme o delegado Venícios Demartini, o caso é prioridade da delegacia, mas até o momento não surgiram elementos que confirmem quem foram os criminosos.

— Estamos no aguardo de uma perícia técnica em andamento em Porto Alegre, que é importante, mas pode não ser uma prova cabal da autoria — afirmou.

A investigação fez análise de câmeras de monitoramento da cidade, perícias no local do crime e papiloscopia no automóvel usado pelos autores, um Gol branco deixado para trás na fuga, mas nada apontou provas definitivas. A falta de câmeras no hotel é um dos fatores que dificulta a identificação dos suspeitos.

Polícia Civil / Reprodução

Câmeras do município registraram autores após o crime.Polícia Civil / Reprodução

No ano passado, dois homens de 42 e 45 anos foram presos temporariamente três dias depois do crime, mas liberados no começo de agosto daquele ano. Eles foram reconhecidos por testemunhas, mas segundo o delegado, diligências confirmaram que os dois não estavam no local na data do crime.

Além da dupla, um terceiro homem foi acusado de envolvimento. Ele é defendido pela Defensoria Pública e teve um pedido de prisão temporária expedido no ano passado, em 26 de julho — um dia após o crime. O investigado foi preso temporariamente e, atualmente, não está no sistema prisional, conforme a Susepe.

De acordo com Demartini, a investigação não descarta a participação de uma terceira pessoa. Isso porque a dupla saiu do hotel a pé e pode ter tido apoio para fugir.

Questionado sobre a demora na conclusão do inquérito, o delegado afirma que a polícia garante empenho no trabalho, mas não pode prometer respostas.

— Tudo o que estava dentro do possível foi feito e a investigação segue em andamento — afirmou.

Famílias aguardam respostas

A morte violenta dos professores Fabiano e Felipe tornou o processo de luto ainda mais doloroso para as famílias. Com duas filhas, a ausência repentina é sentida no dia a dia de Daniela Motta, esposa de Fabiano.

— Sentimos muita falta, todo dia. Nossa rotina virou saudade e relembrar o que aconteceu. Da forma violenta que foi, é um exercício de dor contínua. A vida de toda a família foi virada de cabeça para baixo. Deixou um vazio imenso — lamenta.

Ela também questiona o andamento da investigação, que ainda tem poucos elementos concretos.

— Não conseguimos entender por que, um ano depois, o crime continua sem resolução. É frustrante a sensação de impunidade. Queremos entender os fatos e ver a justiça ser feita — diz.

A vida de Adriana Griebeler, esposa de Felipe, também mudou completamente desde o crime. Os dois tinham planos de estabelecer a vida juntos em Santa Maria, sonho que foi interrompido.

— Tem sido bem difícil, o impacto da tragédia foi muito forte. Tínhamos muitos objetivos juntos. Ele era o esteio da família e agora tento dar esse suporte. Tudo lembra a todo momento e agora, chegando um ano, fica ainda mais difícil — relata.

Apesar de reconhecer que a elucidação do caso não traz as vítimas de volta, ela faz um apelo por maior celeridade nas apurações.

— A investigação sem evolução é muito dolorosa, a gente sabe que não muda o que aconteceu, mas pelo menos para ter um desfecho. O nosso pedido é que seja possível avançar e ter uma resposta — conclui.

Além das famílias, os educadores deixaram uma lacuna na comunidade acadêmica. Nesta sexta-feira, o curso de Engenharia Florestal vai prestar uma homenagem aos professores durante a formatura. A cerimônia está marcada às 15h no Centro de Convenções da UFSM. Parte dos formandos estava presente no local da tragédia.

A coincidência na data deve tornar a celebração ainda mais emocionante. Segundo a instituição, o dia da formatura foi definido por meio de sorteio — e caiu justamente na data em que o crime completa um ano.

Em setembro do ano passado, outra homenagem eternizou o legado de Fabiano e Felipe no Centro de Ciências Rurais da UFSM. Durante o memorial, professores e estudantes do curso plantaram dois pés da árvore Louro-pardo para simbolizar o legado de ensino e pesquisa dos educadores.

Fonte: GZH

Foto: Arthur Ruschel / Agencia RBS

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