Do pincel à cerâmica: como a arte pode ajudar no combate à ansiedade e na criação de conexões
Em tempos de excesso de estímulos digitais, hobbies artísticos ajudam a acalmar a mente e criar laços
Em um mundo cada vez mais conectado e acelerado, hobbies artísticos surgem como poderosos aliados, oferecendo refúgio criativo e até terapêutico para a mente. Seja manuseando a argila na cerâmica, deslizando pincéis sobre uma tela ou traçando linhas em um desenho, o contato com a arte contribuem como apoio emocional e no autoconhecimento.
Para a psicóloga Laura Goulart, a arte é, antes de tudo, um recurso de regulação emocional.
— A saúde mental é quando nossos sistemas emocionais estão mais regulados, temos uma visão de autoeficácia e nos sentimos seguros, apesar dos desafios da vida — explica.
Nesse sentido, a arte permite que as pessoas se expressem, traduzindo sentimentos e sensações em algo tangível.
— Você pode não estar tão bem, mas está em contato com algo que se transforma, que acaba traduzindo aquilo que você está sentindo e se expressando — afirma.
O psicólogo Luciano Martini complementa, citando Van Gogh
— A arte existe para consolar os que foram quebrados pela vida.
Segundo ele, todo sofrimento e incômodo psíquico precisam ganhar uma narrativa, e a arte cumpre esse papel de forma expressiva e terapêutica.
Se expressar pode ajudar no autodescobrimento. Zaliana Sanfelice, professora e aluna de aulas de cerâmica, compartilha como o hobby a "salvou" após a saída do filho de casa.
— Eu estava num momento bem difícil comigo mesma, essa coisa de me buscar. Quem é a Zaliana agora? Eu acho que a cerâmica me salvou nesse sentido, me deu um poder me enxergar e ver o que realmente eu gosto — relata.
Além dos ganhos individuais, a prática artística em grupo proporciona trocas e a construção de comunidades. Na Mescla, escola de cerâmica lozalizada no bairro Passo d'Areia, em Porto Alegre, a proprietária Gabriela Lopes destaca a formação de amizades e a criação de uma atmosfera de apoio.
— Nas turmas também acabam fazendo amigos, porque você vai ver aquela pessoa toda semana, daí já tem aquela troca, já traz um bolinho. Então, acaba criando realmente uma comunidade, é muito legal isso — comenta.
Ponto de encontro
A conexão através da arte também é a premissa do Pinta, evento itinerante que acontece em bares da Capital, que atrai pessoas interessadas na pintura em tela com objetivo de fugir um pouco da rotina e criar novas amizades.
Bruna Ayres Severo e Amanda Cerioli, fundadoras do Pinta contam que o evento foi criado também como um lugar de acolhimento.
— Esse é um lugar para fazer algo novo, para se sentir bem. Aqui passamos a segurança de que a pessoa pode testar. Ela está livre para testar, não vai ter julgamento, é para se divertir e se descobrir através da arte — conta Bruna.
Vittoria Schertel, professora de educação infantil e participante do evento, destaca que a arte, para ela, é "paz e tranquilidade". E, embora aprecie os momentos solitários de criação, ela valoriza a troca:
— Eu gosto muito de compartilhar, porque eu acho que é uma experiência muito rica e a gente pode trocar. A gente começa brincando e quando vê a gente está realmente se aprofundando em assuntos e pinturas.
Martini destaca que a chamada hiperreflexão, um fluxo incessante de pensamentos intrusivos, está ligada ao uso de redes sociais e ao ritmo acelerado do cotidiano. Ele compara a arte à técnica da deflexão, proposta pelo psiquiatra Viktor Frankl, que consiste em focar a atenção em uma atividade específica para silenciar os pensamentos.
— A arte também pode fazer isso, porque tu vais sublimando todos aqueles sentimentos, aqueles pensamentos contínuos e tu vai colocando ali através da tua arte — explica.
Laura acrescenta que pintura e cerâmica podem ser momentos de "descansar a atenção" e manter o foco no presente.
— Eu vejo muitas pessoas indo para a cerâmica como um momento em que não pensam nas preocupações da rotina, e estão tentando praticar essa questão de estar presente no agora", afirma.
Fonte: GZH
Foto: Camila Hermes
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