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Festas juninas em escolas oferecem atividades culturais e ajudam em "caixinha" para melhoria

  • Data: 08/Jul/2025

Com brincadeiras, gincanas e comidas típicas, eventos são frequentados por ex-alunos e familiares e ajudam a fazer melhorias em instituições

Se as festas juninas reúnem milhares de pessoas no Nordeste brasileiro, as celebrações também têm força e tradição no Rio Grande do Sul. As escolas públicas que o digam – muitas realizam festejos abertos às comunidades e atraem grande público. Além de os eventos promoverem a integração de alunos, ex-alunos e familiares, servem como incremento importante no orçamento de colégios.

Na Escola Estadual Gomes Carneiro, na Vila Ipiranga, em Porto Alegre, a festa junina – ou julina, como neste ano – é o evento mais esperado por muitos alunos. A celebração é uma chance de reencontro, fortalecendo a identificação da escola com sua comunidade.

— A festa junina sempre foi tradicional. É o momento dos encontros e dos reencontros. É algo que identifica a escola com os seus ex-alunos, os ex-professores. Então, a gente faz um trabalho todo voltado para a comunidade — conta Susana Silva de Souza, diretora da instituição.

O festejo engloba brincadeiras típicas, comidas e apresentações de alunos, incluindo dança e teatro, que também servem como ferramenta pedagógica para trabalhar culturas diversas. A gincana, que precede a festa, busca envolver a comunidade, incluindo ex-alunos e vizinhos, com tarefas que promovem a interação.

Dá uma renda bem favorável à escola, que é revertida também para a comunidade.

ANA PAULA PERALDO MARTINS

Vice-diretora da Escola Estadual Gomes Carneiro

O evento atrai aproximadamente 3,5 mil pessoas, mais do que o triplo de estudantes matriculados na escola. A festa junina permite a venda excepcional de comida e ingressos para as brincadeiras. O dinheiro fica sob a responsabilidade do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da instituição.

— Dá uma renda bem favorável à escola, que é revertida também para a comunidade, pois são melhorias para as crianças — ressalta a vice-diretora Ana Paula Peraldo Martins.

Com os recursos, a escola já realizou pintura, reparou o telhado, adquiriu equipamentos para o refeitório e aparelhos de TV. O objetivo atual é a construção da arquibancada do ginásio, um projeto com custo elevado. Uma parte do valor será destinada a custear uma viagem para a Serra Gaúcha para os vencedores da gincana.

Margarete da Silva, 63 anos, é mãe do aluno Kauã Silva Santos, 18 anos, e líder do grupo do CPM da Gomes Carneiro. O filho, que hoje está no 3º ano do Ensino Médio, estuda na escola desde o início do Ensino Fundamental – o que torna esta a última festa junina dele enquanto estudante.

— Já tô com uma dorzinha no coração de ter que deixar tudo isto aqui. Sou uma mãe muito participativa, lidero o CPM. Gosto muito desse envolvimento, de estar presente, saber o que está acontecendo, e a festa junina é o evento mais especial. Até porque é uma escola estadual, que precisa de verba para muita coisa — observa Margarete.

Gosto muito desse envolvimento, de estar presente, saber o que está acontecendo, e a festa junina é o evento mais especial.

MARGARETE DA SILVA

Mãe de aluno

Jonathan Heckler / Agencia RBS

Na escola do bairro Santa Tereza, a festa junina deste ano marcou a retomada da venda de produtos.Jonathan Heckler / Agencia RBS

Na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Vila Tronco, no bairro Santa Tereza, em Porto Alegre, a festa junina deste ano marcou a retomada da venda de produtos, algo que não ocorria nos últimos três anos. Lidiane Martins, 40 anos, é mãe da aluna Luna, três anos, e destaca a importância dessa abertura para a comunidade:

— Nos outros anos a festa junina foi fechada só para as crianças e os pais. Desta vez vai ser aberta para a comunidade, que também já era uma coisa que até os pais queriam, né, para poder levar mais a família, levar mais pessoas junto para confraternizar.

A mãe observa que a confraternização e a possibilidade de caracterização das crianças são fatores que mobilizam a participação.

— Ah, é a confraternização em si, né? E também toda a parte da caracterização, porque criança adora isso, de se vestir de acordo. Querendo ou não, é uma fantasia para eles — comenta.

Segundo o diretor da instituição, Misael Jacobus, os recursos da festa formam um "caixinha" para despesas rápidas, como a compra de um parafuso ou alimentos específicos, sem a burocracia dos fundos oficiais.

— Tu tendo uma caixinha, se tu precisar comprar um parafuso, comprar alguma coisa na ferragem, comprar alguma coisa no mercado, um quilo de alimento que precise para algum lanche especial da escola, tu tem um caixinha disponível — relata.

integração das famílias é o principal objetivo da festa, permitindo que elas conheçam o espaço escolar e as atividades desenvolvidas, conforme Jacobus:

— O nosso maior desafio é exatamente a proximidade das famílias com a escola. E tendo esses sábados integradores, em que a gente consegue oportunizar de a família a vir, oportunizar espaços para que ela possa se divertir, que ela possa brincar ali com sua criança, usufruir dos espaços da escola e ter como pertencente esse espaço, isso é o importante — avalia.

Jonathan Heckler / Agencia RBS

Celebrações também têm tradição de pratos típicos no RS.Jonathan Heckler / Agencia RBS

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental João Paulo I, no bairro Santo Operário/Harmonia, em Canoas, a festa junina também representa um retorno após os anos de pandemia e as consequências da enchente de maio de 2024, que deixou parte da instituição submersa por quase um mês. 

Só queremos ter algum dinheiro que a gente possa fazer investimentos dentro da escola.

OBERDAN PERES

Diretor da Escola Municipal João Paulo I

De acordo com o diretor, Oberdan Peres, antes da celebração é feita uma gincana entre as turmas, que arrecadam itens para venda no dia do evento. Os produtos são vendidos a preços acessíveis, como um pedaço de bolo por R$ 2, em uma ação de "devolução" à comunidade que auxilia.

— A gente faz preços bons, porque não precisa botar valores em cima disso. Só queremos ter algum dinheiro que a gente possa fazer investimentos dentro da escola. A própria história da nossa comunidade é uma história de uma ocupação de trabalhadores que determinaram onde seria a escola, a igreja, o posto de saúde. A comunidade está muito presente — salienta Peres.

Um percentual do valor líquido arrecadado é destinado às turmas vencedoras dos desafios para um passeio ou atividade sem custos. O evento atrai ex-alunos e estima-se um público de 2 a 3 mil pessoas. A festa também conta com um brechó e um mercadinho que oferecem produtos doados a valores reduzidos.

Os fundos arrecadados são destinados a melhorias na escola, definidas em conjunto com o conselho escolar e o CPM, complementando as verbas governamentais. Entre as obras já realizadas, estão a instalação de contrapiso e grama sintética na área de lazer. Para este ano, a expectativa é de arrumar a pracinha das crianças, que, com a enchente, ficou submersa por dias e teve os brinquedos danificados.

O diretor enfatiza o sentimento de pertencimento que a festa promove:— Eu acho que a festa
junina traz esse alento de a comunidade estar na escola. Dá esse sentido, de que a escola abre as portas para a comunidade e eles se sentem pertencentes ao espaço. Se a gente for olhar a geografia do nosso bairro aqui, não tem um espaço de lazer público, né? Não tem uma praça, não tem uma área de lazer. Então, a escola acaba sendo esse reduto disso — pontua o gestor.

Fonte: GZH

Foto: Jonathan Heckler / Agencia RBS

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