43 mil alunos da rede estadual têm risco alto ou crítico de abandonar os estudos, indica estudo
Sistema implementado pelo governo do RS busca mapear os jovens nesta situação e combater o problema. Projeto para proteger trajetória dos estudantes foi lançado nesta terça-feira
Dos cerca de 700 mil alunos da rede estadual do Rio Grande do Sul, 43,6 mil têm risco alto ou crítico de abandonar a escola. O dado é da Secretaria da Educação do RS (Seduc), que lançou, nesta terça-feira (6), projeto para combater a evasão escolar. Batizada de Política de Proteção à Trajetória do Estudante, a iniciativa busca mudar o cenário no Estado.
A cada cem estudantes que ingressam na rede estadual, apenas 58 concluem a Educação Básica, conforme levantamento do Centro de Educação Baseada em Evidências. Dos alunos que se matricularam no Ensino Médio, 8,9% abandonaram antes do término do ano letivo, quase três vezes a média nacional. Outros 10,6% reprovaram, mais que o dobro da média nacional. Os dados são do Censo Escolar 2023.
A política cria condições para os estudantes terminarem a trajetória escolar.(...) Será construída em conjunto. Para dar certo, precisa ter participação de todos.
RAQUEL TEIXEIRA
Secretária estadual da Educação
A iniciativa estabelece um conjunto de diretrizes voltadas à prevenção do abandono e da evasão escolar, com base em um sistema de identificação de risco e ações de acompanhamento da frequência dos jovens. A plataforma, que utiliza inteligência artificial (IA) para gerar dados, mapeia os alunos em situação de risco, analisando indicadores, como desempenho escolar, histórico e infrequência.
Eles são divididos em três níveis:
- Médio (acima de 40% de chances de evasão)
- Alto (acima de 60%)
- Crítico (acima de 80%)
Até o momento, 800 instituições da rede aderiram à plataforma, o que representa cerca de um terço das 2,3 mil escolas estaduais. A expectativa da Seduc é que todas utilizem o sistema.
O projeto foi apresentado em evento na Fábrica do Futuro, em Porto Alegre, com a presença de 20 diretores de escolas estaduais da Capital. Segundo a secretária da Educação, Raquel Teixeira, a política firma um compromisso de proporcionar condições aos estudantes de conclusão da Educação Básica:
— É um elemento inovador que queremos usar em favor da permanência dos alunos. A política cria condições para os estudantes terminarem a trajetória escolar. É claro que isso não é algo que se constrói da noite para o dia. Será construída em conjunto. Para dar certo, precisa ter participação de todos — afirmou.
Plano de ação
Para evitar que os alunos abandonem a escola, estão sendo implementadas estratégias sistemáticas por meio da nova política. Com base nos dados gerados por IA, a ideia é que as escolas elaborem planos de ação para manter os alunos na escola. Os planos envolvem diálogo com a família, acolhimento, identificar problemas de aprendizagem, entre outras questões.
A meta é auxiliar os estudantes que apresentam risco médio, alto ou crítico de evadir. Cada plano de ação conta com uma série de intervenções previstas. Entre as ações recomendadas estão:
- incluir em turmas de reforço
- realizar escuta ativa com estudante
- contatar responsáveis via ligação telefônica
- realizar estudo de caso e aprofundamento da razão da infrequência
- realizar reunião com responsáveis por estudantes infrequentes
- informar direito a programa de passe livre estudantil
Já foram cadastrados no sistema 10,2 mil planos de ação. Ou seja, mais de 10 mil alunos estão sendo auxiliados com a estratégia. A secretária destacou o papel central dos orientadores educacionais da rede nesse processo.
São profissionais que atuam na equipe gestora das escolas. Segundo Raquel, 95% das escolas de Ensino Médio contam com orientador educacional.
— A tecnologia está aqui para fazer o que ela sabe fazer, e a gente não. Mas, de fato, o trabalho que conta é aquele que será feito pelo professor, pelo orientador, pelo ser humano. Esse é um exemplo muito importante da tecnologia sendo usada em benefício do aluno, mantendo a humanidade da escola — destaca a secretária.
Os orientadores têm a responsabilidade de identificar os fatores de risco por trás da infrequência, entendendo a situação de cada aluno e atuando para reverter esse cenário. Casos de violência, dificuldade de acesso, falta de pertencimento ao ambiente escolar, questões de saúde, problemas financeiros e pessoais de cada estudante podem influenciar.
Também foram apresentados os guias dos orientadores educacionais, materiais elaborados pela Seduc com informações práticas que buscam auxiliar o trabalho dos profissionais. Os documentos abordam temas que ajudam no manejo de situações de violência em articulação com a Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes.
Fonte: GZH
Foto: André Ávila / Agencia RBS
Outras notícias
-
Queda de idosos pode ter consequências graves, alertam especialistas
Maioria dos acidentes ocorre no quarto ou no banheiro Cerca de 62 mil internações de idosos foram registradas nos primeiros quatro meses deste ano no Brasil, após episódios de queda. Além disso, os atendimentos ambulatoriai ...
Saiba Mais -
Dívidas em atraso com financeiras e contas básicas aumentam no RS; veja como sair dessa situação
Alta no custo de vida, encarecimento do crédito e endurecimento no acesso a financiamentos têm peso nesse processo, segundo especialistas Com inflação persistente e juro básico no topo, a inadimplência segue avançando no Rio Grande do Sul. Com 42,10% da popu ...
Saiba Mais