Janeiro mais quente da história: como altas temperaturas afetam a saúde?
Depois de 2024 ser o ano mais quente, chegondo a 1,6 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, registrados entre 1850 e 1900, o primeiro mês de 2025 quebrou recordes
O mês passado foi o janeiro mais quente já registrado no mundo, dando continuidade a uma série de temperaturas globais extremas, apesar de uma mudança em direção ao padrão climático de resfriamento La Niña. A informação foi confirmada por cientistas da União Europeia na quinta-feira (6).
Janeiro prolongou uma série de calor extraordinário, na qual 18 dos últimos 19 meses registraram uma temperatura média global de mais de 1,5 grau Celsius acima dos tempos pré-industriais, informou o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S) do bloco em um boletim mensal.
Mas como essas novas altas temperaturas impactam nossa saúde? Para responder esta questão, a CNN conversou com a especialista em saúde ambiental Helena Ribeiro, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).
Impactos das altas temperaturas na saúde
Ribeiro explica que esse aumento médio da temperatura não afeta a saúde humana imediatamente. O que afeta as populações é o impacto dessa mudança no clima, com o surgimento de ondas de calor intenso, frio extremo, chuvas torrenciais e secas severas em diferentes regiões do planeta. Cada cenário afeta as pessoas de um modo:
- Ondas de calor: impactam o sistema cardiorrespiratório dos humanos, especialmente em idosos, crianças pequenas, gestantes, pessoas com baixa imunidade e grupos populacionais já afetados por doenças circulatórias e respiratórias;
- Ondas de frio: aumentam a incidência de doenças respiratórias, como gripes, asma, pneumonia, bronquite, bronquiolite e podem representar risco para pessoas com doenças circulatórias
- Oscilações térmicas: em curto prazo, aumentam atendimentos médicos, internações e, em alguns casos, até a mortalidade.
Outro ponto importante é que o aumento da temperatura pode expandir a área dos mosquitos transmissores da dengue e acelerar a reprodução de vetores de doenças infecciosas em regiões mais quentes. Por isso, é fundamental intensificar o combate à dengue; nesse caso, o uso de pesticidas nesse processo pode trazer novos desafios ambientais.
No Brasil, por estar na zona tropical, o calor é a preocupação maior, conforme projeções do IPCC (sigla inglesa para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Mas a professora destaca a vantagem das chuvas de verão nesse cenário, que ajudam a reduzir a temperatura do ar por meio da nebulosidade e precipitação, o que acaba contribuindo para o conforto térmico.
O que fazer para amenizar esse problema?
No curto prazo, ações para mitigar os impactos na saúde humana incluem a instalação de tendas e espaços de resfriamento nas cidades, a distribuição de água para a população, a preparação de pontos de atendimento e a realização de campanhas educativas com orientações sobre os riscos e cuidados necessários.
A longo prazo, seriam importantes ações gerais para redução do aquecimento global. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, promover a transição para energias limpas, incentivar o reflorestamento e investir em tecnologias de captura de carbono são medidas essenciais para minimizar os impactos.
Em resumo, é crucial criar políticas públicas que adaptem as cidades e suas populações aos eventos climáticos extremos, a fim de garantir mais proteção à sociedade. O desafio é grande, mas o futuro do planeta e da humanidade depende dessas ações.
Fonte: CNN Brasil
Foto: Getty Images
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