Conheça as causas e os sintomas da hanseníase
Especialista destaca quais são as formas de transmissão e como tratar a doença infecciosa
Apesar dos avanços na medicina, o preconceito em relação à hanseníase ainda é um desafio para pacientes diagnosticados, especialmente devido ao fator histórico. Isso ocorre porque a hanseníase, conhecida antigamente como “lepra”, é uma das doenças mais antigas da humanidade, com registros que remontam à Antiguidade.
Para se ter uma ideia, por muitos séculos os acometidos foram estigmatizados e isolados, o que reforçou o preconceito em torno da condição. Em 1873, o médico norueguês Gerhard Hansen descobriu a origem bacteriana da doença, dando início a uma nova era no tratamento e no combate à discriminação.
Hoje, campanhas como o Janeiro Roxo são essenciais para disseminar informação, combater o estigma e incentivar o diagnóstico precoce. “Vivemos tempos de cura e tratamento adequado. A hanseníase precisa ser enfrentada sem preconceito”, diz Orlando Jorge da Conceição, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, da Rede D’Or.
Causas da hanseníase
A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta a pele e nervos ao longo do corpo, apresenta sinais iniciais que podem passar despercebidos ou ser confundidos com outras condições dermatológicas. O principal sintoma é o surgimento de manchas na pele, que podem ser claras, avermelhadas ou escuras, e geralmente insensíveis ao toque.
“Muitos pacientes demoram a buscar ajuda porque acreditam que as manchas são apenas marcas de sol ou alergias. No entanto, esse é o principal alerta da hanseníase e deve ser investigado imediatamente”, explica o infectologista.
Sintomas da doença
Após período de incubação, a doença se manifesta em média, entre dois e sete anos, sem distinção de idade ou gênero. Os sintomas, que podem ocorrer em diferentes graus, incluem:
- Formigamento ou dormência em mãos, pés e outras áreas do corpo;
- Redução de pelos;
- Diminuição do suor nas áreas afetadas;
- Perda de força muscular;
- Presença de caroços ou nódulos;
- Dificuldade para movimentar pálpebras ou mãos.
Sem tratamento, a hanseníase pode causar complicações graves, como paralisia, cegueira e lesões profundas, que podem necrosar. “Essas alterações, frequentemente irreversíveis, resultam do comprometimento dos nervos periféricos pela infecção”, explica o profissional.
Pacientes sem tratamento podem transmitir hanseníase através da gotícula de salivaLilanakani / Shutterstock | Portal EdiCase
Transmissão e diagnóstico
A hanseníase é transmitida por meio de gotículas de saliva ou secreções respiratórias de pacientes sem tratamento, especialmente em casos de convívio próximo e prolongado. Contudo, o contágio não ocorre em contatos casuais, como abraços ou compartilhamento de objetos. A vacina BCG, amplamente administrada no Brasil, oferece proteção parcial contra a doença e é recomendada para familiares e pessoas que convivem intimamente com pacientes diagnosticados.
“O diagnóstico precoce e tratamento rápido são fundamentais para evitar complicações e transmissão. A doença tem cura. Hoje, temos um protocolo eficaz baseado em três antibióticos, todos disponibilizados gratuitamente pelo SUS”, afirma Orlando Jorge da Conceição.
Tratamentos contra a doença
O tratamento da hanseníase é denominado poliquimioterapia e dura de seis meses a um ano, dependendo da gravidade do caso. Durante esse período, o paciente deixa de transmitir a doença após as primeiras doses, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais crucial.
Casos mais avançados, que já apresentam sequelas, podem necessitar de intervenções adicionais, como cirurgias para correção de deformidades, fisioterapia para recuperação de movimentos e acompanhamento psicológico.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: chuteye / Shutterstock | Portal EdiCase
Outras notícias
-
"Essas pessoas não podem ser esquecidas": qual o perfil e de onde são os desaparecidos da en
Autoridades estaduais ainda buscam 25 moradores de diferentes regiões do Estado que sumiram durante a cheia, em meio a indundações ou deslizamentos de terra Após mais de um ano de buscas em terra e por cursos d'água, desd ...
Saiba Mais -
De sapateiro a tanatopraxista: como profissões estão se reinventando diante da falta de mão de obra
Se por um lado algumas demandas se mantêm pelo ensino de pai para filho, por outro, setores têm apostado em capacitações específicas Seja por desinteresse da população ou pela falta de pessoas q ...
Saiba Mais