Quais os riscos que se corre ao não fazer exames previstos após uma queda?
Presidente Lula não compareceu à tomografia marcada e dias depois precisou fazer cirurgia às pressas para drenagem de um hematoma
Na madrugada de terça-feira (10), o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, precisou realizar uma cirurgia na cabeça para a retirada de um hematoma subdural, fora do cérebro. O procedimento aconteceu quatro dias após ele ter faltado a um exame previsto para o acompanhamento que vinha fazendo desde a queda que sofreu em outubro, conforme O Globo.
Apesar da urgência, a cirurgia é considerada simples e foi realizada com sucesso, "sem intercorrências", segundo o boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Caso o presidente demorasse mais para fazer o exame, de acordo com o chefe do serviço de neurocirurgia da Santa Casa de Porto Alegre, Paulo Worm, o acúmulo de sangue entre o crânio e o cérebro poderia deixar sequelas ou, até mesmo, causar a morte. Ele explica que os sintomas clínicos causados por hematomas subdurais são muito subjetivos e, por esse motivo, o exame de imagem de acompanhamento é essencial.
— Os sintomas clínicos de um hematoma subdural são muitas vezes subjetivos, não são coisas muito claras, principalmente, em pessoas idosas. O paciente pode ter algum grau de cefaleia (dor de cabeça), de confusão mental, alguma alteração de fala, variações de alteração de força e até uma crise epiléptica. Alguns desses sintomas são similares aos de AVCs (acidentes vasculares cerebrais) transitórios pequenos. Então, não acontece a identificação do hematoma sem a realização de um exame de imagem — explica Worm.
Apesar dos riscos, dificilmente o hematoma subdural evolui para um cenário tão grave, explica o neurocirurgião do Hospital Moinhos de Vento, Eliseu Paglioli. O médico relata que entre os principais sintomas causados pela pressão do hematoma no cérebro estão a fraqueza em movimentar algum dos lados do corpo ou a fala arrastada e, por isso, os pacientes tendem a buscar atendimento antes do quadro evoluir.
— O hematoma subdural não afeta o cérebro. A sequela permanente é se a pessoa chega a um ponto em que entra em coma, mas eu não me lembro de ter visto alguém assim (num quadro de hematoma subdural) crônico. A pessoa vai ficando com o lado mais fraco e acaba indo para o médico, porque não consegue mais caminhar, fica caindo, perde a força, perde a força no braço. Então, o (hematoma) subdural crônico vai evoluindo aos poucos e a pessoa vai perdendo o movimento do lado contrário ao hematoma — diz Paglioli.
O hematoma subdural é comum após traumas na cabeça que causam o rompimento de veias localizadas entre o cérebro e o crânio. Por não possuir pressão, o sangue sai lentamente das veias e, dessa forma, o acúmulo ocorre dias após a queda ou batida na cabeça.
A retirada do hematoma nem sempre é necessária, pois ele pode ser absorvido naturalmente pelo corpo, então é preciso o acompanhamento. A decisão por realizar o procedimento também depende do tamanho da espessura do hematoma.
Worm alerta que problemas cardíacos podem ser um fator de risco para o surgimento de hematoma subdural, devido às medicações anticoagulantes e antiagregante plaquetário. Os remédios são utilizados para afinar o sangue e aumentam a tendência do paciente de ter uma hemorragia.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: PIC4U / stock.adobe.com
Outras notícias
-
"Essas pessoas não podem ser esquecidas": qual o perfil e de onde são os desaparecidos no RS
Autoridades estaduais ainda buscam 25 moradores de diferentes regiões do Estado que sumiram durante a cheia, em meio a indundações ou deslizamentos de terra Após mais de um ano de buscas em terra e por cursos d'água, desd ...
Saiba Mais -
De sapateiro a tanatopraxista: como profissões estão se reinventando diante da falta de mão de obra
Se por um lado algumas demandas se mantêm pelo ensino de pai para filho, por outro, setores têm apostado em capacitações específicas Seja por desinteresse da população ou pela falta de pessoas q ...
Saiba Mais