Craniotomia: entenda o que é procedimento ao qual o presidente Lula foi submetido e como foi feito
Presidente da República está internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Na noite de segunda-feira, o chefe do Executivo foi transferido de Brasília depois de exame de imagem apontar hemorragia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma cirurgia de emergência na madrugada desta terça-feira (10) para drenagem de um hematoma. A cirurgia foi realizada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De Brasília, Lula embarcou em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em direção a São Paulo por volta das 22h30min. Ele deu entrada no hospital por volta da meia-noite.
Conforme boletim médico, "a cirurgia transcorreu sem intercorrências" e ele "encontra-se bem".
Denominado de craniotomia (abertura do crânio), o procedimento realizado no presidente é considerado o mais simples da neurocirurgia.
A hemorragia intracraniana detectada no presidente Luiz Inácio Lula da Silva não comprometeu qualquer função cerebral. A expectativa da equipe médica - liderada por Roberto Kalil - é de que Lula retome as atividades na semana que vem. Por precaução, ele ficará internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por 48 horas.
Como é feita a craniotomia?
O neurocirurgião Eliseu Paglioli, do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, explica como é feita a cirurgia:
- Anestesia: o paciente pode ser submetido à anestesia geral ou até mesmo local
- Incisão e remoção do osso: abrem a pele e "tiraram uma janelinha do osso, de uns cinco centímetros"
- Acesso ao cérebro: após a remoção do osso, abrem a membrana que envolve o cérebro (dura-máter, que fica entre o crânio e o cérebro) e drenam o hematoma
- Reposição do osso: após a cirurgia no cérebro, um dreno é deixado no local por alguns dias e a parte do crânio retirada é reposicionada no lugar e fixada com miniplacas.
- Retirada do dreno: após o retorno do cérebro para o local onde estava sendo pressionado pelo hematoma, o dreno é retirado de forma simples e um furo de três a quatro milímetros deve ficar no osso.
Conforme Paglioli, não existe risco de sequela e a recuperação é simples, sem necessidade de acompanhamento de profissionais diversos, como fonoaudiólogo ou fisioterapeuta. Na sua opinião, é necessário o repouso mínimo de sete dias.
Num primeiro momento, o boletim médico apontou que Lula havia sido submetido a uma craniotomia. No entanto, o termo foi corrigido para trepanação durante coletiva da equipe médica que acompanha o presidente.
De acordo com o neurocirurgião Mauro Suzuki, que participou da coletiva, "não é que esteja errado o termo craniotomia, é que geralmente a gente usa esse termo para aberturas maiores".
O procedimento, denominado como trepanação, é uma técnica cirúrgica que consiste em perfurar o crânio utilizando um instrumento especial chamado trépano.
52 dias depois
A craniotomia ocorreu 52 dias após Lula cair no banheiro do Palácio da Alvorada e bater a cabeça enquanto cortava as unhas.
De acordo com o neurocirurgião, esse é um resultado normal depois de um trauma, principalmente em idosos. O hematoma é ocasionado por sangramento lento e contínuo no local, por isso, surge depois de 15 dias ou mais após a queda.
— O cérebro da pessoa idosa, ele é um pouquinho mais murcho, porque já atrofiou. É da vida, todo mundo vai atrofiando. Então o cérebro tem um certo espaço entre ele e o crânio. Quando tu dás uma batida, o cérebro vai para uma direção, assim que ele se mexe lá dentro, e rompe algumas pequenas veias, que juntam o cérebro com o crânio. Então, o sangue não tem pressão, ele vai acumulando aos pouquinhos — explica Paglioli.
Com o tempo, o acúmulo de sangue entre o cérebro e a membrana formam um coágulo, que não machuca o cérebro, mas pressiona ele, podendo causar dor ou afetar a mobilidade. Após o procedimento, aos poucos, o cérebro vai voltando ao normal, ocupando o espaço onde ele estava sendo pressionado.
Lula completou 79 anos no dia 27 de outubro, atingindo uma marca histórica: ele passou a ser o presidente mais velho da história do Brasil.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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