Remoção de tatuagem é opção para quem deixou de se identificar com as marcas na pele
Procedimento, que pode ser demorado e doloroso, é cada vez mais procurado. Especialistas relatam que o motivo mais comum é o arrependimento
"Eu me arrependi das minhas tatuagens". É assim que a influenciadora digital Luísa Alvarenga, 24 anos, começa um vídeo que publicou recentemente no TikTok e no Instagram e que já conta com mais de 3 milhões de visualizações. A popularidade do termo "remoção de tatuagem" nas redes sociais mostra que a produtora de conteúdo não é a única que se sente assim.
No vídeo, a jovem de São Paulo mostra a perna esquerda fechada com tatuagens que fez quando tinha 18 anos. Luísa explica que ainda acha os desenhos bonitos, mas que passa uma mensagem com a qual ela não se identifica mais. A gestora de projetos Marília Guilhermano, 26, de Porto Alegre, escolheu passar pelo processo de remoção por conta de um sentimento parecido.
— Eu decidi remover não porque a tatuagem é feia ou mal feita, mas porque não me vejo mais dessa forma — conta ela sobre uma arte que fez, há quase quatro anos, no antebraço esquerdo.
A demanda aumentou
Para o dermatologista Humberto Antônio Ponzio, que atua em uma clínica de dermatologia estética e cirúrgica em Porto Alegre, a demanda de remoção de tatuagens aumentou nos últimos anos. Ele associa o crescimento da procura pelo serviço à popularização das tatuagens. Neste contexto, o profissional acredita que o número de pessoas arrependidas também tende a crescer.
Já para a especialista em remoção a laser Brenda Terra, o aumento da procura está relacionado com a quantidade de informações disponíveis sobre o procedimento, que atualmente conta com uma tecnologia mais avançada. Na clínica onde atua, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, a demanda cresceu mais nos últimos dois anos por conta da divulgação.
— Embora a remoção já exista há bastante tempo, os lasers mais antigos não tinham uma tecnologia tão efetiva para remover sem deixar cicatrizes. As tecnologias atuais removem e não deixam cicatrizes. Como os famosos começaram a remover e a publicar (nas redes sociais), as pessoas estão começando a ter consciência, hoje, de que é possível remover e ter uma boa experiência.
De acordo com a Brenda, quem mais procura o serviço são mulheres, entre 30 e 40 anos, e os motivos são variados. Mas, segundo os especialistas, todos seguem um padrão: arrependimento. Alguns pacientes optam por remover tatuagens que fizeram quando eram mais novos. Outros, mudaram completamente o estilo. Há, também, quem não tenha gostado do resultado.
Tipos de desenhos
Laura Carvalho Bastos faz sessões desde janeiro para remover a tatuagem com uma mão de hamsá na coxa.Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Há cinco anos, a designer de sobrancelha Laura Carvalho Bastos, 22, de Viamão, tatuou uma mão de hamsá, considerado um amuleto contra o mau-olhado, na coxa. Desde janeiro, faz sessões para remover o desenho preto e verde.
— Eu não me identificava mais com o desenho. Além disso, é em alto relevo, então, no calor, inchava muito. Quando fiquei sabendo que podia remover, fiz. Agora ela está muito mais clara, mas ainda não removi toda — relata.
Quando vai fazer uma tatuagem, a pessoa tem que pensar muito bem para não se arrepender depois
HUMBERTO ANTÔNIO PONZIO
Dermatologista
O dermatologista Humberto Antônio Ponzio aponta que o maior pedido de remoção diz respeito a tatuagens com nomes de cônjuges. Brenda afirma que, além dessas, é comum que os pacientes queiram retirar tatuagens que foram tendência e, hoje, já saíram de moda. Ela cita como exemplo a estrela no ombro, a fada nas costas ou, no caso dos homens, escritas no antebraço.
— São tatuagens bem tradicionais de uma época. Hoje a pessoa é uma mulher madura, casada e supersofisticada, que olha para essa tatuagem e diz "isso aqui não tem nada a ver comigo" — acrescenta a especialista, que atua com remoção de tatuagens há cinco anos.
Como funciona e quanto custa a remoção de tatuagem?
O método mais utilizado para a remoção de tatuagens é o laser. O dermatologista, que há 30 anos oferece esse serviço, explica que existem outras técnicas, que costumavam ser opções antes da popularização do laser.
O médico garante que o sucesso do tratamento depende, entre outros fatores, da qualidade do equipamento do laser. Todos, porém, funcionam da mesma forma.
— A radiação emitida é captada pelo pigmento que está na pele, que nós chamamos de cromóforo. Quando alguém faz uma tatuagem, é depositado na pele um pigmento, que é uma partícula relativamente grande e que não pode ser absorvida pelo organismo. Quando o cromóforo absorve a radiação luminosa, ele explode e se transforma em múltiplas pequenas partículas de pigmento. Essas minis partículas são absorvidas e eliminadas pelo organismo — explica Humberto Antônio Ponzio.
O processo pode ser doloroso, acrescenta. Em alguns casos, pode ser prescrito um creme anestésico para antes do procedimento ou, ainda, uma anestesia infiltrativa, com injeção. Depois que passa o efeito, é normal que o local da remoção fique dolorido e inchado.
Outra característica do tratamento é que pode ser demorado. Brenda explica que, para remover tatuagens pretas, pode demorar entre nove e 12 sessões. Já tatuagens coloridas podem levar, em média, 15 sessões. Os atendimentos devem ser espaçados, para que haja tempo do organismo absorver o pigmento. Os especialistas indicam um intervalo de 25 a 30 dias para cada sessão.
— Fazer tatuagem é uma coisa relativamente rápida e simples. É um processo barato, também. A remoção acaba sendo muito mais demorada, são várias sessões, variando muito de acordo com vários fatores, e é muito mais caro. Então a pessoa, quando vai fazer uma tatuagem, tem que pensar muito bem para não se arrepender depois — aconselha o dermatologista.
De acordo com os especialistas, os valores podem variar entre R$ 300 e R$ 2 mil por sessão. Para definir o preço e o tempo, fatores como tamanho, cor, local e tipo de pele são levados em consideração.
Fonte: Gaúcha ZH
Foto: uv_group / stock.adobe.com
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