Com maior número de geoparques no país, RS recebe 1º encontro do setor
RS tem três geoparques com certificação pela Unesco; reconhecimento é importante para o crescimento do turismo e da economia local
O Rio Grande do Sul sediará o I Encontro Brasileiro de Geoparques Mundiais da Unesco neste domingo (4) e na segunda-feira (5), na Região Turística Quarta Colônia. O evento ocorre dias após o reconhecimento dos geoparques da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) — o que garantiu ao RS o status de Estado com o maior número de territórios certificados com a titulação. O encontro acontece em meio à expectativa da concessão de títulos a outros três geoparques gaúchos: Raízes de Pedra, Vale do Rio Pardo e Caminho das Águas.
Neste primeiro encontro, representantes de geoparques de todo o país — incluindo os já certificados, que totalizam cinco, sendo três no RS, e os que aguardam a homologação — se reunirão para debater o atual cenário, trocar experiências e compartilhar conhecimento. Ao todo, há 150 inscritos no evento, representando cerca de 25 geoparques.
A intenção dos participantes é, ainda, criar uma Comissão Nacional de Geoparques e da Rede Brasileira de Geoparques Mundiais da Unesco, que responda pela iniciativa no país. Já há uma comissão semelhante formada no Rio Grande do Sul, e a ideia, agora, é ampliar essa representação a um nível nacional. Isso facilitará o recebimento de apoio do Ministério do Turismo, explica Álvaro Machado, turismólogo da Secretaria de Turismo do RS (Setur), coordenador técnico do Comitê de Geoparques e um dos organizadores do evento.
Como os locais são homologados internacionalmente, é importante que haja também o reconhecimento federal, estadual e municipal dos territórios, o que pode auxiliar, inclusive, na captação de recursos para projetos que possam vir a ser desenvolvidos, acrescenta.
Por ser a primeira edição e realizada no Rio Grande do Sul, logo após este se tornar o Estado com o maior número de geoparques reconhecidos pela Unesco no Brasil, o evento tem uma importância emblemática, destaca o turismólogo.
— Coincidiram todos esses processos enquanto já estava sendo agendado para cá. Isso demonstra a organização do Estado em torno desse tema e a organização pública das universidades e das comunidades. Isso que fez com que o resultado fosse positivo. É muito bom, porque o momento é propício, está bem em pauta e é importante trazer essas discussões — ressalta.
Após o evento nacional, a Setur pretende promover um encontro estadual dos geoparques já oficializados e daqueles que aguardam a nomeação oficial. O evento deve ocorrer no segundo semestre, no Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul, como uma forma de homenagear o primeiro geoparque gaúcho.
A importância da titulação
Os três geoparques que já têm certificação pela Unesco no Rio Grande do Sul são: Caminhos dos Cânions do Sul, que envolve sete cidades de Santa Catarina e do RS; Geoparque Quarta Colônia, na Região Central; e Geoparque Caçapava, em Caçapava do Sul.
Os outros candidatos (Raízes de Pedra, Vale do Rio Pardo e Caminho das Águas) seguem na expectativa do reconhecimento, porém, estão em diferentes estágios da busca pela titulação.
Na visão de Machado, os três têm potenciais interessantes: em Raízes, na Fronteira Oeste, pela formação de fósseis vegetais, com florestas petrificadas e presença de dinossauros; no Vale do Rio Pardo, por questões de formação e outros aspectos que ainda estão sendo identificados; e no Caminho das Águas, na costa doce, pela formação da Lagoa dos Patos e da serra da região.
Conforme o coordenador técnico do Comitê de Geoparques, o reconhecimento por parte da Unesco coloca o território em outro patamar de importância a nível global:
— Ele recebe esse título, reconhecido internacionalmente, dizendo que ali é uma área que tem um trabalho de cuidado, de proteção ambiental, da cultura local, e o envolvimento de comunidades, de valorização da alimentação local e de alimentos produzidos ali e uma série de questões, além de todo esse potencial geológico que faz chamar atenção. É como um restaurante receber uma estrela Michelin. Isso faz com que a comunidade se sinta valorizada e participe também dos processos de organização do turismo e dos programas, da cultura e da proteção. É bem interessante.
Além disso, segundo a organização do evento, o reconhecimento é fundamental para o crescimento do turismo e da economia local. De acordo com relatos de outros geoparques brasileiros, em alguns casos, o volume de visitantes aumentou em até quatro vezes após a certificação. Isso também leva a uma expectativa de abertura de mais empresas do setor turístico e de mais empregos.
O que é um geoparque?
Geoparque é um território com limites definidos e uma estratégia de desenvolvimento sustentável, com diversas opções de turismo. É um local com relevância geológica internacional, incluindo também bens naturais e culturais, que é promovido com foco na conservação da natureza, na educação para a sustentabilidade e no desenvolvimento econômico por meio do turismo, envolvendo ainda as comunidades da região.
O título de geoparque é concedido pela Unesco por um ciclo de quatro anos. Após esse período, o funcionamento e a qualidade do território voltam a ser examinados por avaliadores. Se atingir os critérios estabelecidos pela organização, a área segue sendo considerada como geoparque pelos próximos quatro anos. Caso não atenda aos requisitos, terá dois anos para tomar as medidas adequadas e manter o título.
Fonte: GZH
Foto: Felipe Guadagnin / Arquivo Pessoal
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