Oito a cada dez vítimas de feminicídio no RS em 2022 não tinham medida protetiva
Estado registrou 106 casos de feminicídios em 2022, o que representa aumento de 10,4% em relação ao ano anterior. Dados são um compilado do Observatório de Violência Doméstica da Secretaria Estadual da Segurança Pública e do Anuário Brasileiro da Segurança Pública.
O Rio Grande do Sul registrou aumento de 10,4% no número de feminicídios em 2022. Foram 106 vítimas assassinadas por questão de gênero no último ano, enquanto em 2021 foram 96 mortes. A alta representa a ocorrência de um caso a cada 3,4 dias no estado.
Os dados fazem parte do Mapa de Feminicídios da Polícia Civil e são um compilado do Observatório de Violência Doméstica da Secretaria Estadual da Segurança Pública e do Anuário Brasileiro da Segurança Pública. De acordo com o levantamento, oito a cada dez vítimas de feminicídio no estado em 2022 não tinham medida protetiva vigente.
Em metade dos casos, a vítima não havia registrado ocorrência policial contra o agressor. Conforme a delegada Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção à Mulher no RS, 80% delas não tinha medida protetiva.
''Segue sendo um desafio para que nós possamos acessar e saber onde está essa mulher que pode vir a ser vítima, já que ela está fora do nosso guarda-chuva de proteção'', afirma a delegada.
Conforme o estudo, em 92,4% dos casos o autor era o companheiro ou ex da vítima. A própria residência foi o local com mais registros de crime, com 72,6% dos feminicídios. Arma branca e arma de fogo foram os principais instrumentos utilizados pelos agressores. Juntos, representam cerca de 73% do total.
O perfil das vítimas também é contemplado no levantamento. A média de idade é de 39 anos. Das 106 mulheres assassinadas por questão de gênero, 89 eram mães. Destas, 43 tinham filhos com o próprio autor do feminicídio. Três vítimas estavam grávidas.
Órfãos do crime e perfil dos agressores
O mapeamento da Polícia Civil aponta que 219 pessoas perderam suas mães em decorrência de feminicídios, dentre elas, 95 crianças e adolescentes. Além disso, 35 filhos ficaram órfãos, após o pai se matar depois de cometer o feminicídio. Em três casos, o crime ocorreu na presença de filhos com menos de 12 anos.
Conforme o levantamento, a maior parte dos agressores se concentra nas faixas etárias entre 25 e 29 anos e 45 e 49 anos, representando 35% do total de casos. Aproximadamente 84% têm antecedentes criminais. Segundo a Polícia Civil, 68% dos agressores foram presos.
Como denunciar
Existem canais para atendimento em casos de violência doméstica contra mulheres. As denúncias podem ser feitas pelo Disque 180. A Polícia Civil conta com o número (51) 98444-0606 para contato via WhatsApp e Telegram.
Em dezembro de 2022, o governo do Rio Grande do Sul lançou a Delegacia Online da Mulher. A ferramenta é uma página exclusiva para tratar da violência de gênero e funciona 24 horas por dia. O serviço pode ser acessado por celulares, tablets e computadores.
As vítimas também podem comparecer presencialmente em uma Delegacia da Mulher ou em qualquer Delegacia de Polícia (nos municípios em que não houver unidade especializada).
"Não é preciso que a violência chegue às vias de fato, não é preciso ter marcas para vir à delegacia. A violência psicológica ou a agressão verbal já é suficiente para a mulher registrar ocorrência e solicitar a medida protetiva. E é nesse momento que a gente quer que ela venha nos procurar. Ainda em tempo de romper o ciclo de violência, de retomar sua vida e sair dessa situação de agressão", diz a delegada.
Fonte: G1/RS
Foto: Grégori Bertó/SSP
Outras notícias
-
Novas regras do EAD são vistas como positivas, mas exigem esforço para evitar redução de alunos
Instituições de ensino terão dois anos para se adaptarem gradualmente às mudanças. Entidades do setor analisam o regramento, que era aguardado desde dezembro Publicado nesta terça-feira (20), o novo reg ...
Saiba Mais -
Ministério anuncia 130 mil novas unidades do Minha Casa, Minha Vida
Anúncio foi feito por Jader Barbalho Filho na Marcha dos Prefeitos O Ministério das Cidades ampliará em 130 mil o número de unidades habitacionais previstas para o Minha Casa, Minha Vida. Desse total, 110 mil serão d ...
Saiba Mais